Os símbolos e os rituais tiveram grande importância na construção do imaginário da humanidade. Inicialmente o ritual do carnaval surge nas celebrações da fertilidade e da colheita, às margens do Nilo, há seis mil anos atrás.
Os agricultores se reuniam em volta da fogueira e com suas danças exerciam a capacidade da música e da celebração.
O corpo aí já se apresentava como forma de expressão, fazendo parte de um conjunto de representações simbólicas importantes dentro dos rituais da época.
Na transição da Idade Média para o Renascimento, a ascensão da burguesia provocou um esvaziamento, uma deteriorização simbólica nas festas populares (entre elas o carnaval). Elas permaneceram, mas empobrecidas simbolicamente, perderam seu utilitarismo (religioso, político, militar, etc.).
A respeito disso Mikhail Bakhtin diz em seu livro "A cultura popular na Idade Média" e no Renascimento: o contexto de François Rabelais que “Sob o domínio da cultura burguesa, a noção de festa não fez mais que restringir e desnaturalizar-se, sem contudo desaparecer. (...) Ela pode empobrecer-se, às vezes mesmo degenerar, mas não pode apagar-se.”.
Discordando da análise do autor nesse ponto, ao tratarmos o carnaval como narrativa popular, consideramos que não houve um empobrecimento de sentido, mas sim uma mudança de contexto ao qual o carnaval se insere, promovida pela incorporação da cultura moderna no processo.
Dentro dessa incorporação, houve de fato uma evolução dos elementos que compõem essa narrativa, como por exemplo, os carros alegóricos, as fantasias, as alegorias, os adereços, etc.
Mesmo com todas essas mudanças, ainda hoje, na maioria das pequenas cidades o espírito de festa pagã que precede a quaresma ainda se mantém: grupos de pessoas que saem às ruas apenas para se divertir, sem competições ou grandes interferências mercadológicas.
Por outro lado também, as grandes festas carnavalescas, como os carnavais do Rio, São Paulo e alguns no Nordeste são parte integrante dos meios de comunicação.
Seundo a idéia da NeoTV, elas são organizadas em torno da cobertura que a mídia faz, caracterizando-se ainda como festa popular, mas voltada para a venda de espetáculos, de imagens e publicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário